A representatividade feminina na Contabilidade
Nilva Amália Pasett, coordenadora da Comissão Nacional da Mulher Contabilista.
As mulheres brasileiras têm apresentado crescente participação no mercado de trabalho e, sem dúvida, sua importância na economia é cada vez mais relevante. A população economicamente ativa (PEA) feminina representa mais de 43% e no mercado de trabalho formal as mulheres representam mais de 39% (dados do IBGE, de 2015). Isso mostra o quanto elas conquistaram seu espaço com o tempo. E, com o espaço conquistado, manifestaram seu incrível poder: poder de tomar decisões e fazer escolhas; poder de transformar a vida das pessoas; poder de traçar e conquistar objetivos; poder de realizar seus sonhos e se tornarem melhores a cada dia.
Cada vez mais, presenciamos figuras femininas ocupando cargos importantes, inclusive no mundo dos negócios, que antes eram majoritariamente ocupados por homens. De acordo com o Censo da Educação Superior, de 2015, os cursos da área de Ciências Sociais Aplicadas estão entre os preferidos das mulheres, sendo um deles as Ciências Contábeis. Eram mais de 209 mil mulheres matriculadas em Ciências Contábeis e cerca de 149 mil homens, em 2015. Quanto ao número de profissionais da Contabilidade, são mais de 224 mil profissionais mulheres do total de 524,5 mil, representando quase 43% da classe em plena atividade (dados de outubro de 2018).
Evolução do número de profissionais da contabilidade – 2004-2018*
*Dados até 24 de outubro de 2018.
Buscando enaltecer e valorizar a presença feminina nas Ciências Contábeis, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) idealizou, há 27 anos, o Encontro Nacional da Mulher Contabilista. Essa iniciativa ganhou adesão dos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs) e apoio da Academia Brasileira de Ciências Contábeis (Abracicon). Em uma trajetória de luta, bravura e perseverança de líderes abnegadas, a história desse evento vem sendo recontada a cada dois anos e, a cada nova edição, se apresenta de forma mais encantadora e surpreendente.
Consolidado no calendário de eventos contábeis pela sua meritória proposta de trabalho, o Encontro Nacional da Mulher Contabilista visa promover a participação da mulher no desenvolvimento da profissão contábil, incentivar o seu lado empreendedor e estimular a sua efetiva contribuição à vida social e política do País. Ademais, busca reverenciar o exemplo feminino de força, criatividade e excelência profissional, demonstrado com seu talento e coragem, na condição de transformadora social.
Feitas essas considerações, queremos reviver um pouco dessa trajetória. O I Encontro Nacional da Mulher Contabilista ocorreu no ano de 1991, na cidade do Rio de Janeiro, junto com a 43ª Convenção dos Contabilistas do Estado do Rio de Janeiro. Naquele ano, centenas de profissionais começaram a debater e a propor mudanças relevantes que impactariam positivamente no dia a dia de trabalho das profissionais brasileiras. Dado o contexto histórico, o sentimento que prevalecia era de que as mulheres precisavam se fazer ouvir. Nesse ano, a PEA feminina representava em torno de 37%.
A segunda edição do evento foi realizada no ano de 1992, em Salvador (BA). O número de participantes foi mais expressivo. Novas ideias surgiram e foram temas de debates, como a definição de metas e estratégias para o papel da profissional no mercado de trabalho. A certeza de que trilhavam o caminho certo alimentou ainda mais a esperança de cada profissional da contabilidade e revigorou as energias para as próximas edições.
Em 1999, foi realizado o III Encontro, em Maceió (AL). Nesse ano, mais de mil profissionais tornaram o evento um momento inesquecível, firmando a força feminina e despertando a atenção da classe contábil. Convictas de que tinham que seguir conquistando o seu lugar no cenário contábil, as profissionais começaram a discutir temas de interesse geral, trazendo um novo formato para o encontro.
O IV Encontro, ocorrido em 2003, em Belo Horizonte (MG), trouxe a expressão maior do Projeto. Na presença de aproximadamente 1,2 mil participantes, o evento firmou-se como importante e necessário para a classe e acordou-se que sua realização se daria a cada dois anos. Naquela ocasião, personalidades da política e do meio artístico, como a senadora Heloísa Helena e a atriz da Rede Globo de Televisão Eliane Giardini, prestigiaram o evento e discutiram o papel da mulher na sociedade. Durante três dias, questões como desigualdade de salários, jornada múltipla e competitividade foram temas de debates entre as participantes.
A quinta edição do evento, realizada em Aracaju (SE), em 2005, contou com a presença de mais de 1,4 mil participantes que discutiram diversos assuntos, como políticas públicas e qualidade de vida. Nesse ano, o evento teve seu formato melhor definido e ganhou admiradores e adeptos de todo o País. A abertura oficial do evento aconteceu no dia 19 de maio, no Teatro Tobias Barreto. O ex-presidente do CFC José Martonio Alves Coelho e outras personalidades da classe contábil compuseram a mesa de honra.
A cidade de Florianópolis (SC) sediou, em junho de 2007, o VI Encontro Nacional da Mulher Contabilista. Superando todas as expectativas, o número de inscritos ultrapassou 1,7 mil participantes, lotando o auditório do Centrosul. Foram três dias intensos de evento, incluindo várias palestras técnicas, talk show, peça teatral e duas noites de confraternização. A proposta de discutir temas contábeis e de interesse geral, com enfoque no universo feminino, consolidou-se indiscutivelmente entre a classe.
Em maio de 2009, realizou-se o VII Encontro Nacional da Mulher Contabilista, em Vitória-ES. Com o lema “A força da união: ação, conquista e vitória!”, o encontro, já com triunfo estabelecido, reuniu quase 2 mil participantes. A programação foi composta por painéis e palestras de especialistas de renome nacional, além de momentos para entrosamento e descontração, com peça teatral e festa temática. Um grande momento presenciado pelos participantes foi a palestra magna da médica e sanitarista Zilda Arns, que relatou sua experiência na Pastoral da Criança. As apresentações de Fafá de Belém e Sandra de Sá também foram momentos de muita emoção que marcaram a abertura e o encerramento do evento.
A oitava edição do evento foi realizada em maio de 2011, em Caldas Novas (GO), e teve como lema “Mulher: conhecimento, Criatividade e Leveza”. Mais de 2 mil participantes transformaram a cidade goiana no centro do saber contábil. O evento contou com palestrantes renomados como o Maestro João Carlos Martins e o Técnico da Seleção Brasileira Feminina de Vôlei, José Roberto Guimarães. Teve como destaque o consagrado talk show “O preço das conquistas”, conduzido pela jornalista Renata Ceribeli.
Em novembro de 2013, a proposta inovadora do Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (CRCSP) de realizar o Encontro Nacional da Mulher Contabilista a bordo de um navio se tornou realidade. Fruto de uma organização impecável, o IX Encontro Nacional foi realizado a bordo do MSC Preziosa, um dos mais luxuosos e modernos navios do mundo, que teve como itinerário Santos (SP), Búzios (RJ) e Ilha Bela (SP). Com o lema “Mulher Contabilista: bem-vinda ao futuro!”, o evento reuniu profissionais renomados, além de figuras do meio artístico e jornalístico, como Cissa Guimarães, Josie Antello e Glória Maria.
Em 2015, a X edição do evento foi realizada na cidade de Foz do Iguaçu (PR). Com o lema “Mulher: Energia, Conhecimento e Arte”, o encontro reuniu, novamente, mais de 2 mil participantes, que discutiram os desafios e as oportunidades do mercado contábil. Os participantes também puderam assistir a palestras motivacionais e conhecer histórias de mulheres que fizeram a diferença em suas carreiras. Entre os assuntos em pauta, os especialistas ressaltaram a importância da atualização profissional e abordaram a competitividade no mercado de trabalho.
Às vésperas da primavera de 2017, a cidade Gramado (RS) recebeu mais de 3 mil profissionais da contabilidade para mais uma jornada de conhecimento. Desta vez, o evento uniu duas propostas consagradas do calendário contábil: o XI Encontro Nacional da Mulher Contabilista e a XVI Convenção de Contabilidade do Rio Grande do Sul. A união desses dois grandes eventos pode ser considerada um marco na história da Contabilidade brasileira. Sob o lema “Compartilhando Experiências, Unindo Competências”, os eventos foram caracterizados pelo ineditismo de possibilitar a apresentação simultânea de palestras e painéis. Entre os temas abordados, destacaram-se auditoria e perícia contábil, contabilidade pública e o protagonismo feminino no ambiente corporativo. Além de especialistas renomados da área, o evento contou com personalidades do meio artístico e jornalístico como Marcelo Tas, Martha Medeiros, Cláudia Tajes, Elisa Lucinda e Roberta Sá.
O percurso é longo e, neste mês de outubro, os olhares já se voltam para a praia paradisíaca de Porto de Galinhas, em Ipojuca (PE), onde será realizado o XII Encontro Nacional da Mulher Contabilista, em setembro de 2019. Seu lançamento ocorreu no último dia 19 de outubro, no Hotel Enotel Convention & SPA, mesmo local em que acontecerá o evento no próximo ano. Porto de Galinhas é recanto de lindas praias de areias brancas, coqueirais e manguezais. Sua bela cultura e rica natureza unidas a seu clima agradável são um convite a diversas atrações, como passeios de jangada às piscinas naturais, buggy tours, estuário de cavalos-marinhos, visita às lindas praias da região e passeios culturais.
É importante destacar que, inseridos em um contexto altamente participativo do público não somente feminino da classe, mas também masculino, os Encontros Nacionais buscam, a cada nova edição, incentivar ainda mais a participação feminina no cenário contábil nacional, além de promover a educação continuada dos profissionais da contabilidade. Esses objetivos ressaltam a essencialidade da busca de novos conhecimentos e atualizações e a afirmação da nova posição da mulher no contexto social e empresarial. Indiscutivelmente, esse movimento de conscientização nacional da mulher contabilista tem contribuído de forma ímpar para a justa valorização da profissão contábil, com a devida equidade entre os gêneros.